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ACOPLAMENTOS HUMANOS E REDES

Analise sobre acoplamentos humanos e redes.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

Redes são diversas núcleos ou acoplamentos, no caso da humanidade são distintas por grupos, regiões ou mundos sociais segundo Hannerz (2015), quando estuda a etnografia multifocal de Chicago. Embora a etnografia seja o estudo descritivo das diversas etnias, de suas características antropológicas, sociais etc. ela consegue nos dar a percepção destas etnias entre si e como elas se comportam e formam as suas redes. Marcus (1995) afirma que da mesma forma que a etnografia estuda os mundos vivos de vários sujeitos situados, também constrói aspectos do próprio sistema, através de conexões e associações que aparecem sugeridas em sua cidade.

Assim o acoplamento de pessoas por características comuns não impede as relações interpessoais com outras classes sejam étnicas, sociais, etc. É justo que esta Etnografia multifocal, diferente da etnografia convencional, consiga não somente mensurar um ordenamento seja ele rural ou urbano, mas consegue ter varias percepções, não há mais um objeto centralizado, mas diferentes questões conectadas.

Todas estas questões extraídas da etnografia multifocal servem para caracterizar a questão das ligações diversas nas redes ou acoplamentos sociais a que um individuo pertence. Pessoas possuem grandes ou pequenas redes de relacionamento que se interligam entre si dependendo de sua atuação. Pinheiro-Machado nos mostra isto quando falar da rede ou caminho que um produto chinês percorria entre os anos de 1999-2009 para chegar aos mercados populares brasileiros.

Barnes (1987, p 178) afirma que a noção de densidade vai aparecer quando “alguns dos contatos de qualquer Alfa são adjacentes entre si”. Para Barnes (p. 163), uma análise da ação em termos de uma rede deve revelar, entre outras coisas, os limites e a estrutura interna dos grupos”  e estes limites não condensam o grupo a si mas o interrelacionada a outros grupos. Epstein (1961 apud BARNES, 1987, p. 174), contextualizou que se Alfa for membro de uma elite:

Ele e sua rede efetiva, ou círculo efetivo de amigos comuns, determinam e articulam, através das suas fofocas, um conjunto de normas e valores apropriados que passam então a ser disseminados para o público mais amplo, por intermédio de outros amigos de Alfa.

Porém podemos afirmar que na classe social em que Alfa estiver ele e sua rede exerceram influência em um público. Barnes demonstra inclusive em seu livro a densidade de influencia que um grupo pode exercer no meio social com a entrada ou saída de membros. Um exemplo é que um grupo de seis pessoas com desempenho de 100% de articulação com a saída de um membro cai para 82% (Barnes, 1987).

ACOPLAMENTOS, REDES E PANDEMIA

Estamos vivendo na sociedade atual uma pandemia que envolvem questões sociais de saúde e com forte influencia midiática, onde ambos no contexto de rede influenciam o modo como as pessoas se comportam frente ao problema, pois além dos interesses sociais encontramos na situação os interesses políticos e econômicos.

Porém, boa parte dos interesses ao final contribuem para o bem comum. Ganhou proporção mundial o jargão “Fique em casa” com a mesma força do jargão “diga não as drogas” criado por Nancy Reagan no início da década de 80. O fato de ficar em casa ocasiona a quebra de todas as redes presenciais de influencias possíveis, embora continuem a existir nas redes sociais e na mídia. Os debates agora não são mais realizados com a aglomeração de pessoas, mas com as diversas redes e tecnologias sociais.

O contexto utilizado da etnografia e antropologia que justificam como acontecem os acoplamento de grupos e a interação entre as redes serve para uma conscientização de como pode ocorrer a disseminação em larga escala de uma doença, assim, o jargão ficar em casa tem um efeito tão positivo quanto o propagado  nos anos 80.  A suspensão de aulas não é uma simples medida nesta situação, pois embora a maioria das pessoas estejam durante o dia em trabalho ao invés de escolas. É na escola que acontecem as maiores aglomerações (acoplamentos) de pessoas e é a escola que proporciona a maior interação entre redes. Não a toa que a disseminação de informações utiliza a rede escolar como veiculo de divulgação.

REFERÊNCIAS

BARNES, J. A. “Redes Sociais e Processo Político”. In: FELDMAN-BIANCO, Bela (Org.). Antropologia das Sociedades Contemporâneas. São Paulo: Global, 1987: 159 – 194.

Hanners, Ulf. Explorando a cidade em busca de uma antropologia urbana, Cap 2 Etnógrafos de Chicago. – Petrópolis, Vozes, 2015 (1980).

Marcus, George E. Etnografia em/el sistema mundo. El-surgimiento-de-la-etnografiamultifocal. Annual Revier of antnropoiogy, num. 24, pp. 95-117.

Pinheiro-Machado, Rosa. Made in China: Informalidade, pirataria e redes sociais na rota China-Paraguai-Brasil. São Paulo, Hucitec, 2011.

 

Por Adaildo Benedito dos Santos


Publicado por: Adaildo Benedito dos Santos

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